“Não posso escolher como me
sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito”
William Shakespeare
Eu to com medo desse mundo medíocre em que eu vivo me
engolir por inteira. Para onde eu olho eu vejo futilidade, em um sentido bem
literal. Vejo pessoas hostis e totalmente descrentes de que a vida pode ser
muito mais do que elas resumiram.
Eu devia querer mais, e ser mais. E me preocupar menos em
ter. Em ter muitos amigos. Em ter reconhecimento pelo que quer que seja. Em ter
excelentes notas. Em ter pessoas que se importem comigo.
Então eu vou deixar de ser impessoal e dizer. Dizer o que
até os meus músculos querem gritar. Dizer que não agüento mais. Não agüento mais
dizer para mim mesma: “não crie expectativas”.
É, eu não me sinto bem. Não me sinto feliz para continuar no
caminho que estou seguindo. Ando me
decepcionando com muita freqüência. Por pouca coisa. Deve está em mim o
problema, só pode.
Mas é que as pessoas mudam. E não mudam em nada. Por que os
outros sempre se sentem a vontade em entornarem suas angustias e felicidades no
meu colo? Posso ter até uma notável vocação para ouvinte, mas o problema é que
ainda não identifiquei em ninguém o mesmo. Então depois que você joga na lixeira,
que esta no meu colo, todos “seus” problemas, poderia ao menos me ouvir digeri-los.
Só por educação, quem sabe. Seria muito então pedir para me ouvir.
Venho me calando faz um bom tempo. Por diversos motivos. Acho
que minha vocação pende mais para o ouvir do que para o falar. Uma folha de
papel é a maior merecedora de desabafos, depois é só amassá-la, afinal quem
confia em quem não tem apenas ouvidos?
As pessoas sempre acham que depois da primeira frase já podem
prevê a história inteira. Acham que sempre sabem o que a gente quer com uma
frase simples e banal.
E eu me preocupo tanto em ser menos “pesada”, talvez eu
esteja me privando de ser o que eu gostaria verdadeiramente de ser.
Venho me decepcionando comigo mesmo, por talvez não me
colocar como deveria. Tudo isso pensando em como as pessoas veriam minhas
atitudes. O resultado? É o quão sozinha me tornei.
Ah os amigo. Quem os são? São quem os trato por tal
vocativo? Não. E talvez eu os mal identifique.
Amigos deveriam ser aqueles que aceitam crescer junto da gente. Ou pelo
menos não tente nos carregar para baixo.
E quem foi que disse que eu me importo com o quão ocupada
está a sua agenda? Não, eu não estou. Eu gosto de brincar de ser amiga quando
eu amo muito mais do que sou amada. Não me faz diferença. Desde que eu queira a
tal amizade, ela estará no meu coração independente do que outro faça. Decidi
ser assim, agir assim. E por isso não cabe a mim cobrar nada. Apenas cabe a meu
coração não envolver expectativas. Difícil, mas não impossível.
Mas amigo não precisa ser amigo para a eternidade. Não aqueles
que me fazem mal. Mas então algum dia os foram? Sim, enquanto me fizeram
sorrir. E aí a gente percebe quantos deixamos escorrer pelos dedos. E nos
apegamos em quem nos entristece, desistem.
Acho que devo fazer como todos. Renovar, sem ressentimentos.
E a partir de então evitar a displicência e a negligencia para com aqueles que
amo!
Rhaísa Lara
Quarto caso de consciência:
"Queres ir junto?
Ou à frente?
Ou andar sozinho?...
Devemos saber o que queremos e que o queremos."
F.Nietzsche